Estudo – A Amizade, Segundo Cícero – Parte 1

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Referência: A Amizade, Cícero, Ed. Escala.
Histórico
Marco Túlio Cícero, nasceu em 106 a.C. e morreu +ou- 40 a.C. assassinado por Marco Antônio.
Senador e Cônsul contemporâneo de Julio Cesar, autor de várias obras filosóficas como A Velhice, A Amizade, Os Deveres, etc.
A Amizade:
Só pode existir entre indivíduos bons.
A virtude atrai a amizade. A ausência dela, só interesse.
Faz das coisas prósperas algo mais esplendoroso, ao passo que as adversas, quando partilhadas, tornam-se mais suportáveis.
Muitas pessoas têm por maior objetivo o enriquecimento, ou a glória, ou o mérito.
De que valem tais conquistas se não tem com quem compartilhá-las? É natural que quando conquistamos, queiramos compartilhar; seja por vaidade, seja pelo fato de que nos sentimos tão bem com ela, que nos vem um desejo de que as pessoas que amamos sintam da mesma forma.
Entretanto, quando sofremos por coisas ruins que nos ocorrem, ter com que dividí-las alivia muito mais o fardo, tornando a questão muito mais leve. Não me refiro a transportar o problema a outros, mas ter quem, voluntariamente, nos ajude a resolvê-lo.
Graças a ela, os ausentes tornam-se presentes, os carentes ficam locupletados, os fracos fortalecidos e até, aliás difícil de dizer, os mortos revivem na medida em que se fazem presentes na lembrança e na saudade dos amigos.
Na amizade nada há de simulado e tudo que se manifesta é verdadeiro e voluntário.
Muitos acreditam que a amizade se fundamenta na troca de favores: você faz para mim que eu faço para você, ou ainda farei para você na expectativa de que um dia você faça para mim.
Segundo Cícero, isso não é amizade verdadeira, pois quando cessam os interesses, a amizade termina.
Evidentemente, a amizade ocasiona uma troca de benevolências, mas isso nunca deve ser um fim em si.
Acho que muitas amizades verdadeiras podem originar-se de interesses, mas com o conhecimento do outro, as afinidades podem surgir e a amizade pode sobreviver à realização desses interesses.
Aquele que mais confiança deposita em si, aquele que está bem municiado de virtude e de sabedoria, que não sente necessidade de ninguém, que julga estar armazenando todos os bens, este é que sobressai sempre na arte de conquistar e cultivar a amizade.
Porque ele será um chamariz. Quanto mais confiança, sabedoria, virtude, bens e auto-suficiência a pessoa tem, mais admirirada e desejada será, inclusive por pessoas que nunca a viram e até pelos inimigos.
Causas que desmantelam amizades:
  • Os interesses nem sempre coincidem ou surgem divergências no pensamento político;
  • Mudanças frequentes nos costumes e hábitos, seja por efeito da adversidade, seja pela idade;
  • Rivalidades: por casamento ou por alguma vantagem que não pode ser partilhada;
  • Disputa ambiciosa de honrarias;
  • Cobiça de riqueza - “Daí advém, entre pessoas ligadas até por estreita amizade, irreconciliáveis desavenças”.
não há como escusar um crime pelo fato de ter sido praticado em favor do amigo. Quando a convicção de virtude domina o conceito de amizade, torna-se difícil salvar a amizade sem o lastro de virtude.”
Mesmo a amizade sendo muito importante, ela não é mais importante que a virtude. Então se algum amigo nos solicita algo ilícito, é errado (segundo Cícero) realizá-lo. E nem é desculpável, utilizando como argumento o fato de ter feito por amizade. Porem, quando esse tipo de pedido é feito e não atendido, fatalmente a amizade se abala.
Mas se o amigo atende ao pedido, colocando a amizade acima da virtude. Os dois cometem crime.
Nesse caso, é tão execrando o crime de solicitar quanto o de atender”.
"Eis que a primeira lei da amizade a ser sancionada edita: apenas pedir a nossos amigos coisa honesta.
Façamos da amizade algo digno. Não dar abertura para ser solicitado em algo mau. Haja, sim, dedicação, mas nada de hesitação. Conselhos saibamos dar de pronto.
Na amizade é privilegiada a autoridade dos amigos que declinam bons conselhos não só de modo franco, mas até com severidade, se for o caso. Importa acolhê-los."
Aqui termina a primeira parte do ensaio. Não deixe de ler a próxima que será publicada em breve.
Aqui, não estou com a pretensão de ser o dono da verdade e nem dizer que Cícero é. Apenas externo um ponto de vista.
Amigos, concordando ou não, peço seus comentários para criar um debate em cima de uma questão tão relevante.
Obrigado.
té mais!
    1 Response
    1. mara* Says:

      Agora está funcionando!!! Uma ótima iniciativa, o de um novo blog.

      bjs


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