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Estudo - A Amizade, Segundo Cícero - Parte 1
Estudo - A Amizade, Segundo Cícero - Parte 2
Estudo - A Amizade, Segundo Cícero - Parte 3
A ESSÊNCIA DA AMIZADE
“ Os dignos de amizade são aqueles em que existe fundamento para serem amados. Aliás, uma espécie rara! Como tudo que é excelente, raro de verdade! De fato nada fácil encontrar o que é perfeito em todas as suas dimensões”.
A maioria das pessoas só procuram a amizade para obter coisas em troca ou para exigir do amigo coisas que ela não é ou não tem. O que é uma pena, pois assim perdem totalmente a essência da amizade.
Não entendem que o benefício da amizade é ela por si só e não os favores que um amigo pode conceder.
É como o amor por si próprio: a pessoa ama a si própria não para obter algum benefício, mas por ser ela o que é. Esse sentimento deve ser tranferido à amizade, pois o amigo verdadeiro deve ser encarado como um outro eu mesmo.
A AMIZADE VERDADEIRA PROMOVE A VIRTUDE E NÃO O VÍCIO
“A amizade é concedida pela natura como coadjuvante da virtude e não como força incentivadora de vícios. Aquilo de grandioso que a virtude sozinha não lograria alcançar, uma vez unida e acompanhada pela amizade, torna-se exequível”.
Já foi dito nesse estudo que a amizade não está acima da virtude, mas sim deve surgir através da virtude. Dessa forma é possível a conquista do bem e da felicidade.
Por isso tudo, devemos praticar a virtude, a saber: a honestidade, a glória, a tranquilidade da alma e a alegria; desse modo atrairemos a verdadeira amizade!
Do contrário, você nunca acreditará nos amigos, ficando sempre temeroso do dia da adversidade, quando os falsos amigos fogem em disparada, deixando-o sozinho.
O mau amigo te levará a cometer erros, seja para obter algum benefício próprio ou seja porque o vê prestes a cometê-los e o incentiva por temer uma discussão pelo fato de se posicionar contra.
Então repito que antes de começar a amizade, é necessário avaliar o caráter da pessoa e, quando começar a amizade, que controle seu afeto para perceber se o tal amigo realmente o merece (o afeto), evitando assim as decepções.
NÃO SE VIVE SEM A AMIZADE
“Isso se evidencia, de modo claro, na suposição de algum deus nos separar da companhia dos seres humanos, colocando-nos isolados, em lugar deserto. Mesmo que ali, nos abastecesse de tudo que a natureza pede, mas impedidos de sequer ver uma figura humana, quem seria tão pétreo que suportaria semelhante vida? Quem iria desfrutar do mínimo prazer em meio a tantos deleites, se enclausurado na solidão?
Assim, quem é solitário por natureza nada ama, mas sempre busca algo como ponto de apoio e sendo isso um amigo, nada mais gratificante”.
A VERDADEIRA AMIZADE É ABERTA PARA A VERDADE
“Há uma única ocasião na qual não se deve ter medo de ofender o amigo. Isso ocorre, quando daí advem algo de vantajoso para uma amizade fiel. De quando em vez, é imperioso admoestar e repreender um amigo. Isso deve ser recebido de modo amigável, desde que feito de maneira benevolente”.
Um amigo deve alertar o outro quando este está prestes a cometer um erro, mesmo que o amigo se sinta ofendido pela sua “falta de apoio”, mas isso não deve ser feito de forma agressiva.
O amigo repreendido deve receber de forma amigável, mesmo que discorde da repreensão, pois verá que a intenção é a melhor e se o amigo que repreende estiver correto, o livraria de um possível abismo.
Infelizmente, o amigo repreendido comumente se sente ofendido e isso é um absurdo! Ele lamenta a “bronca” em vez de se alegrar com a libertação de um problema que provavelmente o acometeria.
Seria melhor o amigo que prevê o erro do outro e não o apóia, não o impedindo de cometê-lo?
Fim da quarta parte. Na próxima, tratarei do maior inimigo da amizade: o bajulador, e a conclusão do estudo.
‘té mais!